Inter nega gastos, lembra contratação de Suárez pelo Barça e confia na inocência de Guerrero

Pouco mais de 24 horas após receber a notícia e assimilar a frustração, a diretoria do Inter enfim se manifestou sobre a reativação da suspensão de Paolo Guerrero, com mais oito meses de ausência dos gramados a cumprir após uma punição por doping. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, o presidente, Marcelo Medeiros, o vice de futebol, Roberto Melo, e o executivo, Rodrigo Caetano, reiteraram a confiança na inocência do peruano no caso. Ainda garantiram que o clube não gastou nada até o momento com sua contratação e fizeram um paralelo do episódio com o Barcelona. Em 2014, o clube catalão adquiriu Luiz Suárez, mesmo que o atacante uruguaio tivesse que cumprir mais quatro meses de suspensão.

– Quero deixar muito claro que todos nós do Inter, a direção, em especial o Conselho de Gestão, acreditam na inocência do atleta Paolo Guerrero. Daremos todo o suporte para ele voltar a jogar futebol o quanto antes. Longe do que foi veiculado ontem, esse assunto não está encerrado. A suspensão da liminar não encerra o processo. A interpretação dada é um erro jurídico enorme. Outras medidas jurídicas podem ser adotadas. O Inter tem a segurança que é um negócio extremamente importante e que vale a pena ter Paolo Guerrero. Tem certeza que trará muitas alegrias à torcida, e muitos benefícios não só no campo esportivo, mas no financeiro – afirmou o presidente Marcelo Medeiros.

– Crítica faz parte. Quando você é eleito, precisa estar preparado para conviver com críticas e não se abater. É um atleta diferenciado, que veste a camisa do Inter, com projeção no mundo todo, mas tem gente que pensa pequeno. A crítica é do jogo, mas não nos pauta. Temos convicção. Falam sobre a idade do jogador. Não sei se é desconhecimeto do que o esporte apresenta hoje. A longevidade não é só do jogador de futebol. A situação da punição, que estava dentro do cenário, o Barcelona fez a mesma coisa quando contratou o Suárez. Contratou, aguadou e hoje desenvolve suas atividades – disse o mandatário.

"Ele (Guerrero) não recebeu um tostão sequer de quem quer que seja para assinar com o Inter Ninguém fez investimento. Nem o Inter. Só para deixar claro" (Roberto Melo, vice de futebol)

Ao tomar a palavra após o presidente Marcelo Medeiros, o vice de futebol Roberto Melo revelou que a suspensão não causou surpresa ao Colorado e até era esperada pelo clube. O dirigente ainda garantiu que o clube não gastou "um tostão" sequer com a contratação do atleta e voltou a rechaçar a parceria com investidores para trazer o reforço.

– Quando vislumbramos a oportunidade de contratar o Guerrero era independente da suspensão. Achávamos que a suspensão da pena seria apenas para a Copa do Mundo. Encerrada a Copa, ele precisaria cumprir. Independente de cumprir ou não, queríamos trazer o Paolo. O contrato de três anos também levava em consideração a possibilidade de em algum momento ter que cumprir a pena. Noticiaram que o Paolo já tinha recebido diversos valores pela vinda ao Inter. Está muito mal informado. Ele não recebeu um tostão sequer de quem quer que seja para assinar com o Inter Ninguém fez investimento. Nem o Inter. Só para deixar claro – afirma Roberto Melo.

Rodrigo Caetano explicou ainda a ida de Guerrero ao Peru nesta sexta-feira – no desembarque, o centroavante falou pela primeira vez sobre o episódio e disse que vai "seguir lutando" para provar sua inocência. De acordo com o executivo, o atleta rumou ao país natal para tratar da linha de defesa com seus advogados. O profissional disse também que o clube monitorará periodicamente o atleta durante o período de trabalhos fora do clube.

– Da mesma forma que ocorreu no Flamengo, ele terá um corpo técnico para manter sua forma como foi a época antes da Copa. Tem os profissionais que já desempenhavam esse trabalho. Esperamos que seja por um prazo curto e que isso se reverta. Monitoraremos, mas não podemos ser os responsáveis. É uma punição dupla ao atleta. Não pode jogar nem treinar. E foi ao Peru se reunir com os advogados contratados por ele para buscar os meios e tentar reverter a revogação da liminar que tinha – disse.

Guerrero recebeu a notícia da reativação da suspensão ao chegar ao CT do Parque Gigante para trabalhar na última quinta-feira. Foi avisado de que nem mesmo poderia treinar com fardamento colorado no local. Deixou o ambiente perplexo com a volta da punição. Nesta sexta-feira, o peruano logo rumou ao país natal e desembarcou em Lima no começo da manhã. Ainda no aeroporto, concedeu entrevista em que deixou transparecer sua frustração com o caso.

– Estava preparado para a partida de domingo com o Palmeiras e recebi esta notícia. Mais uma vez, me cortam as asas, mas sigo lutando pela minha inocência. Parece algo estranho, mas trato de tomar como circunstâncias da vida. Seguirei lutando – afirmou o centroavante.

Relembre o caso Guerrero

Paolo Guerrero foi condenado a cumprir um ano de suspensão por doping causado por um metabólico da cocaína, em outubro do ano passado, no jogo contra a Argentina pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Em dezembro, Guerrero conseguiu a redução da pena para seis meses – o que permitiu ao peruano voltar a vestir a camisa do Flamengo em maio deste ano e liberaria o jogador para disputar o Mundial da Rússia.

Guerrero voltou a jogar no dia 6 de maio, apenas três dias após ser julgado em última instância pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), em Lausanne, na Suíça. Ele participou de três jogos do Flamengo neste período, contra Inter, Ponte Preta e Chapecoense, marcando um gol contra a equipe catarinense. Ainda em maio, o TAS, na Suíça, ampliou a pena para 14 meses de suspensão. No entanto, o peruano conseguiu efeito suspensivo superprovisório na Justiça Comum da Suíça, possibilitando sua participação no Mundial de 2018.

O atacante disputou a Copa do Mundo da Rússia pela seleção peruana, mas caiu na fase de grupos. Deixou a sua marca na vitória por 2 a 0 sobre a Austrália. Em julho, voltou ao Flamengo para aparecer em mais quatro compromissos pelo Brasileirão. Sem acerto para permanecer na Gávea, assinou com o Inter por três temporadas, mas não chegou a estrear com a camisa colorada. A estreia, aliás, só está prevista para o final de abrirl de 2019, após a Justiça Comum da Suíça ter "derrubado" o efeito suspensivo nesta quinta-feira.





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